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11/26/2014

Meu agora




Bom ou ruim sou assim nostálgico.
Cultivo os cheiros, as sensações, as imagens conectadas com algum sentimento que volta por segundos ou milésimos deles.
Gosto de brincar com a ideia do tempo, que pertence à memória, e viajar nele.
Quantas vezes não o fazemos ao falar de assunto pessoal.
Deixo-me flutuar por sensações que habitaram minha alma e viajo de volta, e volto para o agora e me sinto feliz.
E só vale se for uma viagem natural, em que a mente traz espontaneamente as imagens, as sensações, e por alguns segundos flutuo, mas sempre retorno.
E assim tenho aprendido a viver o agora.
Esse agora que consiste naquilo que foi antes, dessa viagem que me faz flutuar pelo tempo, mas consiste também da essência ao regresso para o agora. Um agora que nos escapa. Um agora, que em saltos de desenvolvimento das tecnologias da noite para o dia, afasta a presença das pessoas, ficando apenas o teclado para tocar.
Foi um ano que se mistura com o final do ano anterior, quando olhei uma foto de meus filhos.
Quando me dei conta de estar a envelhecer. Quando parei tudo o que fazia, e me concentrei no pensar.
Então não me encontro nas memórias do ano que passou para eles.
Poderia doer, mas quando faço um esforço, um esforço delicado, a imagem que me invade é a de estarmos seguindo pela rua, indo a um parque qualquer, ou a caminhar na areia da praia, há muito tempo atrás.
Então minha garganta seca e meus olhos úmidos deixam rolar apenas uma lagrima por sentir como foram bons aqueles dias.
Esse foi meu agora, e é para isso que irei voltar quando quiser, sentado em um sofá, viajando mentalmente pelo tempo, voltar ao passado, brincar de deus de mim mesmo, e sentir saudade.
A saudade me invade quando penso em tudo que se passou. E só posso ser profundamente grato a isso, e ao tempo que abri em minha vida, alma e coração para eles. Não poderia ser de outro jeito. Eles cresceram, e aqueles passeios ao parque só cabem agora na viagem do meu pensamento.

(Sergio Quegi-26/11/2014) 

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