Bom ou ruim sou assim
nostálgico.
Cultivo os cheiros, as
sensações, as imagens conectadas com algum sentimento que volta por segundos ou
milésimos deles.
Gosto de brincar com a ideia do tempo, que pertence à memória, e viajar nele.
Quantas vezes não o fazemos
ao falar de assunto pessoal.
Deixo-me flutuar por
sensações que habitaram minha alma e viajo de volta, e volto para o agora e me
sinto feliz.
E só vale se for uma viagem
natural, em que a mente traz espontaneamente as imagens, as sensações, e por
alguns segundos flutuo, mas sempre retorno.
E assim tenho aprendido a
viver o agora.
Esse agora que consiste
naquilo que foi antes, dessa viagem que me faz flutuar pelo tempo, mas consiste
também da essência ao regresso para o agora. Um agora que nos escapa. Um agora,
que em saltos de desenvolvimento das tecnologias da noite para o dia, afasta a
presença das pessoas, ficando apenas o teclado para tocar.
Foi um ano que se mistura
com o final do ano anterior, quando olhei uma foto de meus filhos.
Quando me dei conta de estar
a envelhecer. Quando parei tudo o que fazia, e me concentrei no pensar.
Então não me encontro nas
memórias do ano que passou para eles.
Poderia doer, mas quando
faço um esforço, um esforço delicado, a imagem que me invade é a de estarmos seguindo
pela rua, indo a um parque qualquer, ou a caminhar na areia da praia, há muito
tempo atrás.
Então minha garganta seca e
meus olhos úmidos deixam rolar apenas uma lagrima por sentir como foram bons
aqueles dias.
Esse foi meu agora, e é para isso que irei voltar quando quiser, sentado em um sofá, viajando mentalmente pelo tempo, voltar ao passado, brincar de deus de mim mesmo, e sentir saudade.
Esse foi meu agora, e é para isso que irei voltar quando quiser, sentado em um sofá, viajando mentalmente pelo tempo, voltar ao passado, brincar de deus de mim mesmo, e sentir saudade.
A saudade me invade quando
penso em tudo que se passou. E só posso ser profundamente grato a isso, e ao
tempo que abri em minha vida, alma e coração para eles. Não poderia ser de
outro jeito. Eles cresceram, e aqueles passeios ao parque só cabem agora na
viagem do meu pensamento.